Muito amor ou muito medo do novo?
Eu namorei, deixei, me amasiei, deixei, casei,
divorciei e me amasiei de novo. Sim, tive um casamento “movimentado”, de morno não
tinha nada, era “animadíssimo”! Certa vez, entre o divorcio e a volta em forma
de união estável, um amigo me falou que, na verdade, um casal precisa de mais
de dois anos de divorcio e afastamento para “terminar” de vez.
Cortar os laços afetivos, afinal, os jurídicos, no
caso especifico, costumam ser mais singelos. Acho até que procede, porque do
final de 2010 (fim da união estável pós-divorcio) a meados de 2012 eu ainda
dialogava mais amigável e calorosamente com o ex-marido.
Eu não queria voltar, não queria ele de volta, nem
a vida que eu tinha, mas também tinha carinho e certa pena de mandar se ferrar
de vez. Sempre existem bons e maus momentos na nossa memoria e é a nossa carência
que dita quais vão prevalecer na lembrança e em qual momento.
Passou o tempo, passou tudo, inclusive aquele imã
comodista que desperta o caranguejo tosco que existe em nós. Pois, hoje em dia,
quando eu ouço noticias de casais que se separam, vivem solteiros um tempo e
reatam, eu penso em duas possibilidades: ou é muito amor ou é muita inabilidade
para viver só, era muita expectativa de perfeição nos outros que acabou
frustrada, então, volta-se ao certo, por medo do duvidoso que é, igualmente,
imperfeito, porém desconhecido.
Fato é que a gente conhece pessoas e constata o
seguinte: umas têm virtudes que o ex não tinha, outras têm defeitos que ele não
tinha e, nessa hora, os acovardados se amedrontam e voltam os olhos e o coração
de ontem eles já tinham saído.
Fundamental, porém, para ser feliz é viver, saber
viver e, principalmente, descobrir-se, afinal, de imediato, a volta é como uma “nova
relação”: é quente, apaixonada, a pessoa age diferente, cuida, o tesão sobe lá
em cima. Passam-se meses e aquele que você deixou vai se mostrar...Aquele que
você deixou!
Às vezes é necessário insistir, investir, reatar,
para, pura e simplesmente, constatar que “jamé”, que não dá, que você merece
algo mais afim com você, algo melhor para a sua vida. Conhecendo mais pessoas
você descobre o que está disposto a tolerar e o que não aceita.
Todavia, seguir a vida só é benesse de quem se ama
acima de tudo, de quem não precisa de alguém, mas deseja alguém só quando sente
paixão por ele, quando a companhia enternece, dá prazer e diverte.
Cada caso é um caso, mas quem olha com certa experiência,
vê com mais desconfiança o que os outros acham romântico. Nove em dez vezes é
comodismo, medo da solidão ou excesso de expectativa na mudança que faz com que
o “bom ex à casa torne”.
Estar casado não é amar. Amor é aquilo que você
sente quando não tem medo da solidão e nem excitação. Amor é aquilo que você
sente quando pensa em alguém e sorri. Amor não é o que a saudade desperta ou
desvela, na verdade, saudade é o que o amor deseja evitar.
Quem ama, ama no cotidiano, na rotina, no dia a
dia, o resto é diversão, são bons momentos, é paixão, é tesão, é carência. Amor
é o que a gente sente quando o cérebro admira, quando o corpo deseja e quando a
gente suspira e não quer ficar longe. O resto é ilusão, confusão mental, carência,
enfim, doideira mesmo.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 23 de março de 2015.
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